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Fraternidade faz homenagem a Santo Dias da Silva

A Fraternidade Santo Dias, de Diadema (SP),  celebrou no dia 29 de outubro a memória dos 40 anos da morte do operário Santo Dias da Silva. Uma homenagem da Comunidade do Professório (Teologado Agostiniano), ao patrono da casa.

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embro da Pastoral Operária de São Paulo, do Movimento contra o Custo de Vida, das Comunidades de Base de Vila Remo, representante leigo perante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),  metalúrgico e líder sindical, Santo Dias se tornou símbolo de luta e resistência.

Patrono

A Comunidade do Professório (Teologado Agostiniano), iniciou suas atividades na cidade de Diadema (SP), região do ABC Paulista, interligada à grande São Paulo e que se desenvolveu graças a instalação de grande quantidade de indústrias, principalmente automobilísticas e de metalurgia, desde o final dos anos 1950 e início dos anos 1960. Por ser uma região com grande número de famílias de operários, vilas e favelas com uma população esquecida pelo poder público, e também por necessitar da presença profética da Igreja e de um trabalho de evangelização, os Agostinianos da Província Nossa Senhora da Consolação do Brasil, se instalaram no ano de 1988, para caminhar junto à essa parcela do Povo de Deus. 

Na época, buscou-se escolher o nome de um “patrono” para esta Fraternidade Agostiniana. Ao invés de buscar o nome de algum santo ligado a tradição da Ordem ou da Igreja, pela inserção num contexto de operários, a Fraternidade foi dedicada a Santo Dias da Silva, operário morto pela polícia militar em São Paulo, no dia 30 de outubro de 1979. Na ocasião de sua morte muitos cristãos leigos, religiosos e sacerdotes foram perseguidos, torturados e mortos pela ditadura militar instaurada no Brasil desde 1964. Nada mais justo que dedicar à comunidade religiosa, o nome de um destes que, desde sua fé e compromisso cristão, derramaram seu sangue na luta por uma sociedade mais justa e fraterna.


Sobre Santo Dias da Silva

Santo Dias da Silva nasceu em 22 de fevereiro de 1942, na Fazenda Paraíso, em Terra Roxa (SP). Filho de Jesus Dias da Silva e Laura Vieira, foi morto em 30 de outubro de 1979. Era casado com Ana Dias, com quem tinha um casal de filhos, Luciana e Santo. De origem muito humilde, era o mais velho de uma família de oito irmãos. Foi lavrador, colono, diarista e boia-fria no interior de São Paulo. Em 1961, sua família foi expulsa da fazenda onde morava por lutar por registro na carteira profissional, de acordo com a legislação trabalhista. Santo então foi para São Paulo e, como operário, sofreu perseguições e várias demissões por organizar os trabalhadores e reivindicar melhores salários.

Santo era membro da Pastoral Operária de São Paulo, das Comunidades de Base de Vila Remo, representante leigo perante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), membro do Movimento contra o Custo de Vida, candidato a vice-presidente no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e integrante do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA/SP).

Em 30 de outubro de 1979, foi executado com um tiro à queima-roupa, disparado pelo soldado da Polícia Militar Herculano Leonel, em frente à fábrica “Sylvania”, no Bairro de Santo Amaro, em São Paulo, quando tentava impedir que alguns policiais militares continuassem agredindo outro metalúrgico. Sua morte comoveu o país.

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O velório de Santo, na Igreja da Consolação, parou a região central de São Paulo. De lá, seguiu-se passeata até a Catedral da Sé. Milhares se concentraram diante da igreja, onde Dom Paulo Evaristo Arns presidiu missa de corpo presente. O enterro foi no Cemitério de Campo Grande, em Santo Amaro.

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Durante estes 40 anos, vários grupos ligados aos movimentos sociais, à pastoral operária, aos comitês que preservam a memória de Santo Dias e de outras vítimas da ditatura militar, se reúnem e celebram a memória e as lutas que seguem na caminhada das comunidades e movimentos. Nossa Comunidade de Teologia anualmente celebra a memória da morte de Santo Dias da Silva reunindo lideranças, amigos e fiéis para uma celebração.



30 out
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