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Ano Compostelano: sair de si mesmo para se abrir aos outros

Em mensagem pelo Ano Jubilar dedicado a São Tiago, o Papa Francisco nos convida “para um caminho de conversão e de solidariedade com os próprios companheiros de viagem”. Pois na vida, não caminhamos sozinhos. É preciso confiar nos nossos companheiros sem suspeitas e desconfianças. É uma questão de "sair de si mesmo para se unir aos outros", de esperar e se apoiar uns aos outros, compartilhando trabalhos e realizações.

A abertura da Porta Santa na Catedral de Santiago de Compostela, Espanha, no dia 31 de dezembro, deu início ao Ano Santo Jacobeu de 2021. O ano santo de Compostela, ano jacobeu ou jubilar, é celebrado desde o século XII, quando o dia 25 de Julho, festa de São Tiago, coincide com um domingo.

Leia a mensagem:

A mensagem do Papa na abertura da Porta Santa

Por ocasião da abertura da Porta Santa, dom Julián recebeu uma mensagem do Papa Francisco, ao expressar carinho e proximidade "a todos aqueles que participam deste momento de graça para toda a Igreja e, em particular, para a Igreja na Espanha e na Europa". Seguindo os passos do Apóstolo, escreve o Pontífice, "deixamos o nosso eu, aquelas certezas às quais nos agarramos, mas com um objetivo claro em mente, não somos seres errantes, sempre girando em torno de nós mesmos sem chegar a lugar algum. É a voz do Senhor que nos chama e, como peregrinos, nós a acolhemos em atitude de escuta e de busca, empreendendo esta viagem para encontrar Deus, os outros e nós mesmos".

A misericórdia de Deus acompanha o nosso caminho

O objetivo, enfatiza o Papa, é tão importante quanto o caminho rumo a ele, que é um caminho de conversão seguindo Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida. Citando a Carta Apostólica "Misericordia et Misera", de 20 de novembro de 2016, o texto continua com uma mensagem que reafirma: "neste caminho, a misericórdia de Deus nos acompanha e, mesmo que a condição de fraqueza devida ao pecado permaneça, ela é superada pelo amor que nos permite olhar para o futuro com esperança e estar prontos para colocar a nossa vida de volta ao caminho certo".

Um caminho com leveza e em companhia

Para se colocar em caminho, devemos primeiramente nos desligar das coisas que nos pesam. Depois, na vida, não caminhamos sozinhos e confiar nos nossos companheiros sem suspeitas e desconfianças "nos ajuda a reconhecer no próximo um dom que Deus nos dá para nos acompanhar nesta jornada". É uma questão de "sair de si mesmo para se unir aos outros", de esperar e se apoiar uns aos outros, compartilhando trabalhos e realizações.

No final da viagem, escreve o Papa, nos encontraremos com uma mochila vazia, mas com "um coração cheio de experiências forjadas em contraste e em harmonia com a vida de nossos outros irmãos e irmãs que vêm de diferentes contextos existenciais e culturais". E, redescobrindo o nosso dever, ser discípulo missionário "para chamar todos para aquela pátria para a qual estamos nos movendo".

O peregrino comunica a fé com a sua vida

Francisco descreve o peregrino como aquele que é capaz de se colocar nas mãos de Deus, consciente de que a pátria prometida já está presente em Cristo que está perto dele e, assim, "toca o coração do seu irmão, sem artifícios, sem propaganda, na mão estendida, pronta a dar e a receber". Os três gestos que os peregrinos fazem ao chegar à Porta Santa lembram o motivo da viagem, escreve ainda o Papa: o primeiro "é contemplar no Pórtico da Glória o olhar sereno de Jesus, o juiz misericordioso", que nos acolhe na sua casa. O segundo é o abraço que nos vem da imagem de São Tiago Apóstolo que nos mostra o caminho da fé. A participação na celebração eucarística, o terceiro gesto, nos convida a "sentir que somos o povo de Deus", chamado "a compartilhar a alegria do Evangelho".

4 jan
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